4) Há uma Escassez de Servos Fiéis
Vs. 9-15 – Um
quarto incentivo para Timóteo se engajar imediatamente no serviço ao Senhor era
a grande escassez de servos fiéis. Havia
deserção até mesmo entre os servos do Senhor, e como consequência havia menos
servos disponíveis do que nunca. Paulo diz a ele, “procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou,
amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia,
Tito, para a Dalmácia”. Este velho guerreiro estava prestes a deixar o
campo de batalha, e ao olhar para o trabalho a ser feito viu que a necessidade
era maior do que nunca. Ele com tristeza relata que alguns que poderiam ser de
ajuda estavam fora fazendo outras coisas. Ele disse, “porque todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus” (Fp
2:21).
Em vista dessas condições era ainda mais necessário
Timóteo cingir seus lombos e se engajar na luta. A obra de Deus requer todo o
homem e mulher disponível. O bastão da fé havia sido colocado nas mãos de
Paulo, e ele correu fielmente até terminar seu percurso; agora ele estava
entregando o bastão intacto a Timóteo. Era a vez de Timóteo correr e “combater o bom combate da fé” (1 Tm
6:12). Portanto, ele precisava se levantar imediatamente e se engajar na obra.
Atualmente há uma necessidade ainda maior de servos
fiéis para se colocarem nas trincheiras e levarem adiante a obra do Senhor,
conservando e ensinando a doutrina de Paulo em sua totalidade. O Próprio Senhor
disse, “a seara é realmente grande, mas
poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a
Sua seara” (Mt 9:37-38). Atualmente são muito poucos os que conservam tudo
o que Paulo deu à Igreja, e menos ainda aqueles que irão disseminar isso.
Paulo sentiu a deserção geral de seus irmãos e desejou
que Timóteo viesse e ministrasse a ele (v. 9). É improvável que isso tenha
acontecido. As autoridades romanas sob Nero provavelmente executaram o apóstolo
antes de Timóteo chegar lá. Mas isso demonstra a importância da comunhão em um
tempo de ruína e fracasso. Precisamos nos reunir para animarmos uns aos outros
sempre que possível. A verdadeira comunhão Cristã é em relação às coisas
divinas – coisas que os Cristãos têm em comum (At 2:42). Hoje em dia muitos
pensam que comunhão Cristã é se reunir para praticar esportes e outras
atividades recreativas. Não desincentivamos tais coisas, mas isso dificilmente
será aquilo que irá “fortalecer as
coisas que restam” (Ap 3:2 – JND).
A deserção estava por toda a parte. Havia infidelidade
nas fileiras; muitos que outrora haviam sido fiéis se apartaram (2 Tm 1:15). “Demas” foi um exemplo de deserção (v.
10). Houve um tempo em que ele serviu com o apóstolo e foi recomendado como um
companheiro de trabalho (Fm 24 – TB). Ele é mencionado como um dos que enviou
saudações aos irmãos, o que indica que ele amava a comunhão dos irmãos (Cl
4:14). Mas “o presente século” acabou
atraindo-o. Não é que Demas tenha abandonado a Cristo, mas que ele desistiu de
andar com Paulo, se apartando dele e daquilo que ele ensinava. Ele não partiu
para o lado sujo do mundo, mas para uma posição de concessões entre os santos
onde havia alguma vantagem mundana para ele. Isso é muito triste.
O problema de Demas foi que ele “amou” o presente século (v. 10). Esse é um grande contraste com
aqueles que “amam” a Aparição de
Cristo, que inaugura o século vindouro (v. 8).
É surpreendente que a epístola que fala sobre declínio
no testemunho Cristão mencione dois tipos de amor. Há um amor pela Aparição de
Cristo e um amor pelo mundo. Tudo está se movendo ou em uma ou na outra
direção. Faríamos bem em nos perguntar em que direção estamos indo.
Outros também se afastaram de Paulo, mas ele não diz
os motivos – então não devemos especular quanto ao porquê. É possível que eles
tenham ido aos vários lugares mencionados aqui em serviço fiel ao Senhor. Não
obstante, hoje em dia existem muitos que poderiam estar servindo de ajuda, mas
estão fora fazendo outras coisas. Uma das táticas do inimigo nos últimos dias é
manter bons homens e mulheres, que realmente poderiam servir de ajuda no
serviço ao Senhor, preocupados com outras coisas (Cl 4:17).
Pode ser que “Crescente”
e “Tito” também tenham falhado,
visto que eles foram mencionados na mesma frase que “Demas”, mas a maioria dos comentadores rejeita essa ideia. (Se
realmente fosse esse o caso, talvez Demas indo para Tessalônica fale de querer
permanecer com verdades elementares, e talvez, adiando a esperança da vinda do
Senhor. Crescente voltando para as regiões da Galácia talvez fale de voltar ao
legalismo. Tito voltando para a Dalmácia– que é o mesmo lugar de Ilírico – significa
“vão esplendor”. É o lugar onde o
apóstolo fez muitos sinais e maravilhas (Rm 15:19). Indo para Dalmácia talvez
fale de voltar para o lado atrativo e carismático do Cristianismo. Parece que o
testemunho Cristão, nesses últimos dias, está se desviando nessas três
direções). Consequentemente, havia escassez de servos fiéis por dois motivos – um
era bom, mas o outro, não:
- Deserção.
- Preocupação e
comprometimento com outros serviços.
V. 11 – Paulo
diz que apenas “Lucas”, o médico
amado (Cl 4:14), permaneceu com ele. Houve um abandono geral de Paulo pela
massa Cristã daquele dia. Os Cristãos estavam simplesmente envergonhados de
serem identificados com ele. Lucas se destaca como um exemplo brilhante de
fidelidade em tempos assim.
“Marcos” foi evidentemente restaurado e é visto aqui como
sendo útil ao apóstolo Paulo. Ele havia abandonado a obra na primeira viagem
missionária de Paulo e Barnabé, quando eles estavam em Perge (At 13:13). Mas
agora ele aparece restaurado e sendo considerado útil no serviço ao Senhor.
Esse é um encorajamento especial para todos aqueles que falharam. Deus em graça
está restaurando almas nesses últimos dias e tornando-as úteis em Seu serviço.
Isso nos mostra que Deus pode usar aqueles que falharam. Se pessoas falharam,
não é o fim para elas. Cair não faz de alguém um fracasso, mas continuar caído faz
(Pv 24:16).
Vs. 12-13 – Paulo enviou “Tíquico” a Éfeso, que era a capital da Ásia – o próprio lugar onde
o abandono ao apóstolo foi o maior. Não nos é dito por que, então, mais uma
vez, devemos ser cuidadosos em especular. Talvez tenha sido para convencê-los
de seu erro de se apartar do apóstolo Paulo e de seu ministério.
O fato de a “capa” de Paulo, seus “livros” e seus “pergaminhos”, serem mencionados na Palavra de Deus indicam que
Deus está interessado nas roupas que vestimos e nos livros que lemos. Alguns
nos dirão que essas coisas não são importantes, mas para Deus elas são. O mesmo
Deus que está interessado em nossa bênção eterna também está preocupado com
nossas menores necessidades temporais. Nunca nos esqueçamos disso.
Aparentemente, os “livros”
eram anotações de ministério feitas por Paulo e os “pergaminhos” eram páginas em branco que ele pretendia usar para
fazer mais anotações. Isso mostra que registrar nossas ideias no papel é algo
proveitoso. Isso nos ajuda a organizar os tópicos espirituais em nossa mente
para que sejamos capazes de apresentá-los a outras pessoas de maneira
organizada. Esse é um exercício em que todo servo do Senhor deveria estar
engajado. Alguém disse que nossas ideias são colocadas em ordem na ponta de um
lápis.
Vs. 14-15 – Paulo se dirige a Timóteo para alertá-lo
sobre uma pessoa em particular que era um inimigo das “palavras [ensinos]” do apóstolo. Ele é “Alexandre, o latoeiro”. Essa talvez
seja a mesma pessoa que foi excomungada da assembleia por determinação apostólica
(1 Tm 1:20). Agora, do lado de fora, e sem arrependimento, ele era um furioso adversário
de Paulo. Isso nos ensina que se agirmos com fidelidade e defendermos a
verdade, podemos esperar receber ataques de pessoas assim. Nota: Paulo não
revidou. Ele simplesmente enfatizou seu caráter e alertou a Timóteo sobre ele.
Ele entregou toda a questão ao Senhor, dizendo, “o Senhor lhe pague segundo as suas obras”. Essa não foi uma oração
imprecatória invocando juízo sobre esse homem, mas um simples reconhecimento do
fato de que isso não passaria despercebido pelo Senhor. Ele lidaria com isso em
um julgamento governamental de acordo com as obras dele. Isso nos ensina que
não devemos revidar àqueles que nos atacam, mas deixar que o Senhor lide com
eles em Seu tempo. Não devemos responder a carne com a carne.
- Demas – começou bem, mas terminou mal.
- Marcos – começou mal, mas terminou bem.
- Lucas – começou bem e terminou bem.
- Alexandre – começou mal e terminou pior.
Vs. 16-18 – Outro relato triste que o apóstolo
transmitiu à Timóteo foi sobre a deserção dos santos em Roma. Quando Paulo
chegou à Praça de Ápio os irmãos de Roma mostraram grande afeto por ele (At
28:15). Mas, posteriormente, quando ele foi chamado a comparecer diante das
autoridades em seu julgamento, eles o “desampararam”.
Timóteo não podia esperar nada melhor – tal era o dia. No entanto, é encorajador
ver que o Senhor não abandonou a Paulo em tal momento. Ele diz, “mas o Senhor assistiu-me”. No livro de
Atos, quando Paulo não agiu totalmente de acordo com às intenções e à direção
de Deus, e como consequência disso foi parar na prisão, é dito, “o Senhor, pondo-Se ao lado dele” (At
23:11 – ARA). O Senhor não podia, naquele momento, estar com Paulo no sentido de aceitar alegremente sua ida a Jerusalém,
quando claramente essa não era a Sua vontade. Mas o Senhor ainda esteve ao lado de Paulo, pois Ele nunca irá nos
abandonar. Ele disse, “não Te deixarei,
nem Te desampararei” (Hb 13:5).
Novamente, Paulo não orou para que o Senhor os
julgasse. Ele não nutria qualquer ressentimento por seus irmãos que não tiveram
coragem. Em vez disso, desejava que o Senhor os perdoasse governamentalmente.
Ele orou para que “isto lhes não seja
imputado”. Aprendemos com isso que não cabe a nós como Cristãos orar para
que Deus julgue qualquer um que nos faça mal ou aja de forma infiel, pelo
contrário, devemos orar para que eles recebam Seu perdão governamental.
O Senhor livrou o apóstolo da “boca do leão” que eram as autoridades romanas sob o controle de
Satanás (Ap 12:4), e isso deu a eles a confiança de que Ele continuaria a
livrá-lo de “toda obra má”.
Para o apóstolo, o “reino celestial” foi alcançado por meio
da morte de mártir. Com isso diante dele, ele não estava nem um pouco desencorajado,
mas cheio de louvor, dizendo, “a Quem seja
glória para todo o sempre. Amém!”