sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Disposição para Sofrer pelo Evangelho


Disposição para Sofrer pelo Evangelho

Vs. 8-12a – Se Timóteo tivesse a coragem que o Espírito dá e exercitasse seu dom fielmente, ele podia esperar pelo sofrimento. Por isso, Paulo o exorta a não se envergonhar do “testemunho de nosso Senhor”. O testemunho do Senhor foi muito difamado (At 28:22), e estar vinculado a ele era definitivamente uma reprovação. Não podemos escapar do sofrimento pela causa de Cristo enquanto estivermos nesse mundo; isso vem no pacote, por assim dizer. Timóteo não devia evitar o vitupério, mas se unir ao apóstolo em suportá-lo.
Em um dia de ruína e fracasso a tendência é ficar “envergonhado” do testemunho Cristão por que ele tem falhado em representar o Senhor e a revelação celestial da verdade. Quando pensamos na desonra que Cristãos introduziram no testemunho por conta de seu mau comportamento (e todos tivemos participação nisso), podemos entender bem porque uma pessoa se sentiria envergonhada. Não havia perigo de alguém sentir vergonha do testemunho do Senhor nos primeiros capítulos de Atos. Naqueles primeiros dias o poder de Deus era evidente por meio de sinais e maravilhas, e havia muita bênção no evangelho. Mas nos últimos dias, quando há muita desonra pública do nome de Cristo, precisamos dessa exortação. Vivemos em um dia de testemunho remanescente. É um tempo de fraqueza e “coisas pequenas”, mas não devemos desprezá-lo (Zc 4:10).
Timóteo devia estar disposto a “participar das aflições do evangelho”. Para alguém que era naturalmente receoso e tímido essa não seria uma expectativa bem vinda. Obviamente somos felizes em ser participantes das bênçãos do evangelho, e muitos estão dispostos a serem participantes na obra do evangelho, mas relativamente poucos estão dispostos a serem participantes das aflições do evangelho. Isso é perfeitamente compreensível, mas todas essas coisas andam juntas. Timóteo não devia estar receoso pela mensagem do evangelho, nem por seu mensageiro principal, Paulo. Isso é mencionado, pois havia uma reprovação certa ligada ao apóstolo. Muitos tinham vergonha de serem associados com ele e não queriam mais ser identificados com ele (v. 15). Timóteo devia suportar essas aflições, mas isso só seria possível “segundo o poder de Deus”. Somente Deus nos fortalece pelo Seu poder para que possamos sofrer pelo nome do Senhor (Cl 1:11).
Nos versos 9-11 Paulo trata da grandeza do evangelho que “nos salvou” e “nos chamou com uma santa vocação”. A ideia aqui é que se o servo percebe a grandeza da mensagem que ele tem tido o privilégio de carregar, estaria mais disposto a sofrer por ela. Paulo menciona os dois principais temas do evangelho. O primeiro é que Deus “nos salvou”. O segundo é que Ele “nos chamou com uma santa vocação”. Salvação e vocação são duas coisas distintas, no entanto, estão inseparavelmente interligadas no evangelho.
“Nos salvou” aponta para a verdade simples de que fomos libertados da pena de nossos pecados. Isso ressalta o lado da questão que tem a ver com aquilo do que fomos salvos. “Nos chamou com uma santa vocação” é mais o lado positivo do evangelho. Isso enfatiza para que fomos salvos. Isso foca no propósito de Deus em glorificar a Cristo e nas bênçãos espirituais que são nossas n’Ele acima em glória (Ef 1:3).
Temos:
  •  Uma vocação santa (2 Tm 1:9).
  •  Uma vocação celestial (Hb 3:1).
  •  Uma vocação soberana (Fp 3:14). 
É triste dizer mas muitos Cristãos estão satisfeitos em conhecer a primeira parte, mas não investem tempo para entender o que sua vocação em Cristo significa. Muita coisa é perdida quando esse lado do evangelho não é entendido porque toda doutrina afeta nosso caminhar de alguma maneira. Foi a segunda parte do evangelho que fez com que Paulo fosse preso. Ensinar que pecadores dentre os gentios que cressem em seu evangelho seriam abençoados no céu, mais do que Abraão, Isaque, e Jacó enfureceu os judeus. Eles não podiam tolerar isso e incitaram as autoridades romanas contra Paulo, que o aprisionaram e posteriormente o executaram.
Salvação e vocação não são “segundo as nossas obras”, mas somente pela graça soberana. O plano de Deus para nos salvar e nos abençoar supremamente foi “segundo o Seu próprio propósito”, e foi “antes dos tempos dos séculos” que Ele nos escolheu em Cristo. Muito antes de termos pecado ou incorrido em uma única deficiência, Deus tinha estabelecido um propósito para nossa bênção eterna. Nenhum mal ou fracasso ou decadência no testemunho Cristão pode alterar isso.
V. 10 – Se o sofrimento levar à morte, haverá ressurreição. Isso mostra que sofrer pelo Senhor nunca é algo menosprezado na Escritura. Pregar o evangelho poderia levar à morte de martírio. E se esse fosse o caso, Paulo salienta o fato de que o Senhor triunfou sobre a morte para que o crente não tenha nada com que se preocupar. Ele “aboliu a morte”. A leitura correta é “anulou” (JND) e não “aboliu”, pois, a morte ainda está presente na criação. Pessoas estão morrendo todos os dias. Mas a morte foi anulada para o crente no sentido em que todo o seu poder terrível foi interrompido. Antes da morte e ressurreição de Cristo, a morte dominou os homens como um inimigo temido. O medo da morte sujeitou os homens à escravidão (Hb 2:15). Mas quando Cristo ressurgiu dos mortos, Ele quebrou os “tormentos” da morte (At 2:24 – Tradução de W. Kelly). Para o crente, o temor foi retirado. A morte foi roubada de seu “aguilhão” (1 Co 15:55).
O evangelho “trouxe à luz a vida e a incorruptibilidade” (JND). A vida é para a alma e a incorruptibilidade é para o corpo. Os fatos concernentes à morte e àquilo que está além dela nos foram dados para que possamos saber com certeza o que aguarda o crente que morre. Temos “vida” eterna agora por crermos no evangelho (Jo 3:15-16, 36, 5:24, 6:47, 20:31). Mas também, aguardando qualquer crente que morre pela fé do evangelho, ou de qualquer outra forma, está a promessa de “incorruptibilidade” para o corpo. Todos aqueles que morrem no Senhor têm a garantia de alcançar o estado de incorruptibilidade. Isso acontecerá na “primeira ressurreição” (Ap 20:4-5) – também chamada de “ressurreição dos justos” (Lc 14:14; At 24:15) – que se dará na vinda do Senhor (o Arrebatamento). Eles serão glorificados naquele momento. Crentes que estiverem vivendo na Terra no momento da vinda do Senhor também serão glorificados então. Eles serão revestidos de “imortalidade” (1 Co 15:53-54), mas isso não é mencionado aqui porque Paulo está falando de morrer pela fé do evangelho.
No tempo do Velho Testamento, os homens sabiam muito pouco a respeito da morte e do que havia além dela. O evangelho trouxe muita luz sobre esse assunto. Portanto, temos muito mais conhecimento a respeito da condição do espírito fora do corpo dos justos, e, consequentemente, podemos falar com muito mais certeza sobre eles. Eles estão no paraíso com Cristo, o que é muito melhor. (Lc 23:43; Fp 1:23). Conhecer essas coisas deveria encorajar o servo do Senhor a seguir adiante com o evangelho sem medo. Essa era uma exortação necessária para Timóteo e para muitos de nós que possam ter dificuldades nesse sentido.
V. 11-12a – Era a missão de Paulo desvendar essas coisas entre os gentios. Ele não deixaria nada interferir no cumprimento desse serviço ao Senhor para com as nações não-judaicas (At 22:21; Gl 2:7-9). Ele fala disso como um trabalho triplo: um “pregador”, um “apóstolo”, e um “mestre” (ARA). Mas tudo isso resultou em sofrimento. Ele disse “por cuja causa padeço também isto”. Timóteo não estaria sozinho ao sofrer por causa da verdade.
Em todo o sofrimento pelo qual o apóstolo passou, não vemos o menor sinal de indignação. Ele não estava abatido, nem estava “envergonhado”. Havia uma completa submissão a tudo isso, sabendo que isso fazia parte do serviço de levar a verdade.

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